Quem chega hoje no hospital Naval Marcílio Dias logo percebe na entrada da instituição que há uma portaria separada para oficiais generais e seus dependentes. Alvo de muitas reclamações, já que os procedimentos médicos têm o mesmo valor para todos os militares, a entrada preferencial, extremamente constrangedora, permanece ali por décadas.
Quem trafega por dentro do hospital percebe ainda que há banheiros separados para oficiais e praças e até salas de espera separadas, como se ali as pessoas fossem classificadas não pela urgência no atendimento de acordo com a sua necessidade, mas pelo posto ou graduação que alcançaram na ativa ou – pior – que seus pais, maridos ou esposas alcançaram.
DUAS CLASSES
A coisa acaba evidenciando a existência de duas classes distintas dentro das Forças Armadas, uma com privilégios especiais e a outra somente com deveres. A divisão por postos e graduações é comum em todas as instituições militares pelo mundo, mas somente no Brasil se percebe tratamento privilegiado para a oficialidade e o que é pior, a custa principalmente do dinheiro descontado das praças, que – afinal – são a maioria.
Os hospitais militares são sustentados basicamente com a contribuição obrigatória dos graduados, das praças, que são a esmagadora maioria. Não há opção de não pagar, não há como parar de descontar e usar o dinheiro para pagar um plano de saúde.
Os procedimentos custam o mesmo para todos os militares e, portanto, não há motivo para discriminação contra categoria tão importante e seus dependentes. A existência de elevadores privativos para altas patentes e alas fechadas e exclusivas sem dúvidas encarece o custo total.
Apesar da modernização, humanização e ampliação de direitos em todos os setores da sociedade, nas instituições militares de saúde do Brasil a indignação permanece e vez por outra percebe-se uma mocinha de 23 ou 24 anos de idade entrando na frente de idosas. Todos sabem o motivo, ela é esposa de algum tenente recém ingresso na Marinha e a idosa pode ser a esposa de algum cabo, dependente de alguém que deu toda a sua juventude para a instituição mas que no quesito saúde literalmente tem sua família literalmente colocada em segundo plano.
Em alguns setores a coisa é meio escondida, quando chama-se para o atendimento os parentes de oficiais o fazem meio que no cochicho ou os mesmos aparentemente aguardam em corredores inacessíveis ao público “comum”.
Muitos dizem que é por isso que há cartazes espalhados pelos hospitais militares com a frase “É PROIBIDO FOTOGRAFAR”.
A ESPOSA DO CABO
Militares ouvidos por nossa equipe acreditam que a prioridade no atendimento ambulatorial por postos e graduações só deve existir quando se tratar de militares, da ativa e de preferência fardados. O que de fato seria prioridade ligada ao serviço. A coisa jamais poderia se estender à familiares, a graduação e o posto são do militar, não dos familiares e na reserva não há precedência hierárquica.
Dar prioridade à esposa de um tenente de 23 anos de idade deixando na cadeira uma senhora, esposa de um cabo, que acorda de madrugada para chegar cedo ao hospital, é desumano e vai contra todas as regras que falam sobre igualdade e oportunidade.
“… estive, quando em campanha, diversas vezes nas imediações de hospitais militares. Os profissionais são extremamente dedicados, mas eles não tem como agir contra esse tipo de discriminação, são militares da ativa e acabariam sofrendo sanções… temos que lembrar que não é um atendimento gratuito… tudo é pago… os militares são clientes e tem o direito a tratamento igualitário. Depois de uma internação o militar tem descontos que as vezes duram anos… “ Suboficial Bonifácio
Queremos discutir todos os direitos dos militares, do salário à saúde, da escala de serviço ao expediente alongado sem justificativa.
Trabalhamos em uma proposta de projeto de lei ou acordo com a ajuda do Ministério Público para que a partir da portaria de entrada dos hospitais militares todos sejam denominados Pacientes, independente de postos e graduações. Solicitaremos também os números, queremos as listas de encaminhamentos para clinicas particulares por postos e graduações, queremos saber se há algum privilégio para determinadas categorias também nesses tipos de ações que ocorrem em âmbito interno e não tem como ser vistas pelo usuário comum.
Ajude-nos na elaboração de propostas coerentes. Clique no botão abaixo e nos envie uma mensagem de WhatsApp.
Equipe do PRÉ-CANDIDATO a Deputado Federal Suboficial Bonifácio
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