Incômodo para a cúpula armada
Não foi uma nem duas vezes que fomos procurados por oficiais superiores e gente ligada à oficiais generais. Eles possuem nomes fortes e um projeto político para a classe deles aqui no Rio. Mas, pela primeira vez em muitos anos percebe-se que a tropa na ativa e parte majoritária da tropa na reserva estão se unindo em torno de um nome, que não é ligado ao oficialato.
Pra quem não sabe, houve até uma briga em uma manifestação onde um oficial superior não gostou de ouvir que, como candidatos, eles não contam com nossa confiança. Observem que a candidatura do General Pazuello e de outros oficiais não foi abraçada pela tropa, já há ampla consciência de que precisamos de um representante do nosso meio.
Foram muitas as punições, nós mesmos fomos punidos por conta de opinar a favor de melhores condições salariais. São muitas as regras que surgem todos os anos, mas os graduados e as pensionistas nunca foram convidados para opinar na elaboração das mesmas, que lhes afetam diretamente.
E isso – num período que chamamos de democrático – deveria ser considerado como algo quase criminoso.
Somos mais de 270 mil no Rio de Janeiro
Ainda que sejamos mais de 270 mil famílias de militares no estado do Rio, é preciso coerência e pé no chão. A categoria, que desde 1963 não elege um representante das praças, não pode se dar ao luxo de errar de novo na estratégia.
… Há muita coisa em jogo, envolvida aí, que a sociedade não percebe… os graduados, que são a maioria, ao contrário dos oficiais não tem o direito de opinar sobre seus salários, regras sobre suas carreiras. Os oficiais é quem decidem quem recebe os maiores benefícios e isso precisa mudar… uma categoria só não pode ter a exclusividade sobre a decisão a respeito dos próprios benefícios, sobre o próprio salário., diz o Suboficial Bonifácio
Não erraremos novamente.
Quem nos observa será testemunha dessa virada no jogo.
Sem um sindicato – que é proibido – sem uma associação forte ou mesmo clubes onde possa se discutir política de forma franca, a maior parte dos militares e pensionistas tem que estabelecer metas individualmente. Isso é bom porque há liberdade de pensamento, escolha e a decisão sobre o próximo passo é bastante pensada, consciente. Mas, por outro lado é uma caminhada difícil, porque em grupo o ser humano parte com mais ímpeto para as batalhas… Acompanhados de nossos amigos ganhamos confiança, algo como “pílulas de disposição” para o combate.
Se nos dividirmos repetiremos o passado
Ente os militares da ativa, reserva e pensionistas já se chegou a conclusão de que não há como dividir o voto, se já foi difícil se chegar até esse ponto de mobilização, o ponto da virada, não há porque justamente agora repetir os erros do passado. Todos temos o direito de nos candidatar, isso é verdade. Mas, se nos dividíssemos e partíssemos para o voto em separado em um militar dos quadros especiais, uma pensionista, um sargento do Exército… um suboficial da Marinha etc., a coisa novamente terminaria em fracasso.
Somos adultos, aprendemos com os erros do passado, já tentamos eleger nomes “avulsos” da cada categoria ligada aos militares. Infelizmente podemos dizer que foi um resultado constrangedor.
Gabinete de portas abertas
Não há porque também no nosso grupo brigar nesse momento por causa da eleição presidencial, isso nos importa muito – é claro. Mas as discussões são diferentes. Agora falamos de um representante no legislativo federal, coisa que precisamos muito. Precisamos de um gabinete de portas abertas para graduados, local onde teremos acesso e onde realmente teremos voz e influência… não basta um cafezinho, é preciso ser realmente ouvido.
Com toda humildade deixamos claro que acreditamos que o gabinete não é do político, do deputado, do senador… o gabinete pertence ao povo, aos eleitores e deve ser um local para troca de ideias, críticas… enfim, para servir ao cidadão.
A maior parte de nós, militares da ativa, reserva e pensionistas, somos conservadores. Mas, mesmo aqueles que não são ou que até são e desejam outro presidente de direita, conservador, já concordam que é necessário que todos apoiem um projeto unificador em torno do nome com maior possibilidade no momento.
Projeto de alcance nacional
Ter recebido 15.305 votos não garantiu para o suboficial Bonifácio em 2018 uma cadeira no parlamento, mas foi a coroação de um trabalho árduo. Não é uma caminhada fácil, não é algo rápido, um projeto político se constrói ao longo de três ou quatro eleições.
Não somos apadrinhados por ninguém, por nenhum político influente e por isso não há possibilidade de subserviência.
2022 deve ser só o início. Um deputado federal tem muita força, inclusive de encampar um projeto em nível Brasil, as Forças Armadas são instituições nacionais.
Contamos com sua ajuda para a elaboração de nossas propostas.